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quarta-feira, 29 de julho de 2020

Artigo: A culpada é a mãe!





A culpada é a mãe!
Quantas vezes ouvi eu, isto, em relação aos homens: “As culpadas são as mães” – porque não os educaram como deveriam, porque não ensinaram a lidar com as tarefas da casa, etc.
A mulher viveu sempre, até à data, numa sociedade que a inferioriza, seja por culpa dos homens, seja por culpa dela própria, ou não se admitia tal expressão: a culpada é a mãe! Quem é esta mãe, de facto? É uma mulher pois claro. E quem profere tal expressão: as outras mulheres, é certo!
O que foi o papel do homem na sociedade?
Onde esteve a mulher durante a execução desse papel?
A sociedade, (substantivo feminino), sempre foi masculina. Sim, eu disse sempre foi, porque ainda o é. Nós mulheres queremos igualdade de direitos e queremos estar no lugar que nos aprouver e convier, mas, ainda, não estamos lá.
Lutamos por isso, mas ainda não chegámos LÁ!
Então, recuemos no tempo: o homem sustentava a casa, punha o pão em cima da mesa. A mulher tratava da lide da casa, cuidava dos filhos.
Não desmerecendo qualquer um dos papéis, ambos tinham a sua importância. Um não poderia equilibrar-se sem o outro, queiramos ou não admitir, ambos são fundamentais para a vida familiar sustentável e para a representação de uma sociedade, está claro.
Os tempos mudaram ou foram mudando e hoje, já não é bem assim. Enquanto que algumas famílias mais tradicionais ou convencionais, mantém este binómio sociofamiliar em andamento, outros pares rebelaram-se por completo, havendo mutações neste binómio ou até mesmo alguns desequilíbrios: mulheres empoderadas acima da média, homens que vivem sem trabalhar e sustentados por mulheres; violência por affairs indesejados; filhos alienados e tantos, outros, clichês.
Quem mudou: o homem ou a mulher?
Eu diria que ambos: um chegou-se à frente e disse: “alto e para o baile”. O outro anuiu, mais ou menos: houve dificuldade em aceitar tal mudança, ou então até deu um certo jeito entregar aos poucos a liderança ao sexo oposto.
O homem, hoje, representa, em termos de carga emocional e social, outra coisa qualquer que não seja sempre: ser o sexo mais forte.
Dá trabalho ser o sexo mais forte, não dá? É um lugar árduo para manter as aparências, até por custa e doi ser, sempre o mais forte, ora repare-se: não pode chorar nem mostrar fraqueza em situações debilitantes, porque é fraco; não pode ganhar menos do que uma mulher, fica mal visto; não pode ser traído pois é corno, enfim: passa logo a ter outro rótulo qualquer.
Então e a mulher? Se não chora é porque é insensível; se não está em casa é porque é uma vadia, e por aí fora; se ganha mais é porque faz alguma atividade elícita –  Por falar nisso em alguns países, estas ditas, atividade elícitas dão muito dinheiro e até são legais, mas este é outro tema submerso que não vou trazer ao de cima.
Mas quem é que coloca invólucros a nossa volta quando nascemos? O pai, a mãe, o irmão mais velho, o avô, a vizinha? Quem é que faz isto?
Simples: sou eu e tu que me lês.
Não imposta quem nasceu primeiro: se a galinha ou o ovo. Importa é quem perpetua a dúvida, o medo, o escrutínio e o escarnio.
Sou da opinião que somos todos iguais com direitos a estar aqui neste mundo só pelo facto de estarmos vivos! Devemos sim, respeito mútuo e pela natureza deste planeta que nos acolheu.
Quem me colocou cá, não sabia quem, eu, iria SER e eu agradeço por essa ignorância.
Não nasci homem ou mulher, nasci um ser humano tal como tu. Certo? Aquilo que fez de mim, mulher, enquanto ser social, eu apreendi, mas desenvolvi quem realmente quero ser.
Quando falamos em direitos humanos, não há homens ou mulheres e, sim seres humanos, pelo menos podemos fingir que todos o somos, não vou comentar mais nada.
A culpa não é mais da mãe do que do pai, e tenho o assunto dado por encerrado.
Sejam mais homens e sejam mais mulheres se assim o entenderem, mas felizes!

publicado em Reporter Sombra