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quinta-feira, 11 de novembro de 2021

Cuidar a Criança Interior

Quem é a criança interior e como é que esta, influencia o nosso EU adulto?

O conceito da Criança Interior, foi trazido por Carl Jung em 1924, intitulado de “Inconsciente Coletivo” – este termo demonstra que existe um mundo onde todos temos uma semelhança ao sentir medos e ansiar pela felicidade.

É, também, neste mundo paralelo que existem “referências” sobre o que é ser responsável, equilibrado, ter atitudes e comportamentos assertivos, a noção do que é certo e errado e que nos desafiam constantemente na vida.

Independentemente, se todos conseguimos acreditar ou “cumprir” com estas referências pré-estabelecidas, neste mundo paralelo da nossa mente, a verdade é que salvo certos problemas do foro psíquico, todos sentimos se estamos a agir em concordância ou se estamos a cometer erros.

As nossas emoções servem de alerta e aviso, caso algo ocorra menos bem e nós somos “penalizados” pelo bem-estar ou mal-estar que colhemos, fruto dessas ações.

Dentro deste conceito, o nosso EU, sabe se a nossa criança interior foi feliz ou não ou se esteve perto ou não destas referências ideais, quais são as suas dores, revoltas, ressentimentos, abusos e outras feridas emocionais, tais como o abandono, traição, injustiça, rejeição e solidão.

O que acontece durante o crescimento pessoal, é que passamos a resistir e combater essas dores e sofrimento ou a reviver emoções provocadas por momentos felizes.

Posso afirmar então que a nossa criança interior: sabe na sua referência interna que algo não está bem, no entanto não consegue responder ao “porquê” das suas dores e não sabe resolver a situação que evocou tal sentimento. Surgem comparações com os outros para encontrar as respostas que não lhe foram dadas: se teve uns pais fantásticos então teve uma infância boa e feliz mas se por azar, os pais dos outros são um melhor exemplo, então a sua infância foi a pior de todas.

Este comportamento traz consequências para a vida adulta e normalmente manifesta-se por atos e discursos de vitimização, falta de empatia, autoestima danificada e muita incompreensão pelo acontece à sua volta, gerando relações interpessoais muito conflituosas.

Para cuidar da nossa criança interior, temos de viajar ao passado, inevitavelmente, é lá que residem as nossas emoções que são trazidas ao presente, por meio de comparações com situações, repetições de comportamentos e bloqueios ou crenças ao nível do pensamento já na vida adulta.

Com o auxílio de um terapeuta profissional e sabendo qual a sua história, pode ressignificá-la e reenquadrá-la para que a criança residente no adulto, não se sinta vítima e que o mundo não é injusto, que pode obter amor e é digna disso mesmo.

O trabalho de cuidar da criança interior é complexo, dependendo da profundidade das suas feridas emocionais, do tempo disponível para o processo e da vontade de curar.

No final, a criança interior, deverá viver pacificada com o passado que entenderá melhor, estará desperta para as escolhas que fez, pois dependeram das suas boas intenções. A criança interior saberá no fim do seu processo de cura, que ainda vive no presente e que pode ajudar o seu EU adulto nas suas escolhas para criar novos padrões comportamentais.

Para concluir, posso garantir que é dos melhores trabalhos internos e que traz felicidade extrema, aquando da libertação das emoções negativas que aprisionam a criança que reside dentro de cada um.

Tal como um filho(a), nós devemos cuidar da nossa criança, ela merece apenas o nosso amor, pois sem este, nós, enquanto adultos não conseguimos ser felizes, também.


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